quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Delírios troikadélicos



Evangelho de Santo Indignado, 23, 33-54




Então perguntou Deus: "Que farei então com Pedro Passos Coelho, Primeiro-Ministro deste país?" Todo o povo português respondeu: "Crucifica-o!" "Por quê? Que crime ele cometeu?", perguntou Deus. Mas o povo português gritava ainda mais: "Crucifica-o! Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! " Então Deus mandou flagelar Pedro Passos Coelho e entregou-o ao povo português para ser crucificado.
Em seguida, o povo levou Pedro Passos Coelho ao Palácio de Belém, e reuniu-se em volta dele. Tiraram-lhe a roupa e vestiram-no com um manto laranja; depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa na sua cabeça, e uma vara na sua mão direita. Então ajoelharam-se diante de Pedro Passos Coelho e zombaram dele, dizendo: "Salve, marioneta da Troika!" Cuspiram nele e, pegando a vara, bateram-lhe na cabeça. Depois de zombarem de Pedro Passos Coelho, tiraram-lhe o manto laranja, e vestiram-no de novo com as roupas dele; daí levaram-no para crucificar.
Quando saíram, encontraram Paulo Portas, e obrigaram-no a carregar a cruz de Pedro Passos Coelho. Uma multidão do povo seguia-o.
Quando chegaram ao Terreiro do Paço, aí crucificaram Pedro Passos Coelho, Cavaco Silva, todos os ministros e secretários de Estado, uns à sua direita e outros à sua esquerda.
Depois que todos os membros do governo morreram na cruz, seus corpos foram colocados num profundíssimo sepulcro.
Nenhum deles ressuscitou.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Revolta



Estes sim, deveriam ser os nossos ministros. Homens sábios, de carácter, honestos, competentes, distintos, patriotas, com o país na alma e no coração, apartidários, despolitizados e desinstrumentalizados, homens totalmente opostos aos nossos actuais governantes: ignorantes, mentirosos, incompetentes, medíocres, impatriotas, com o país no bolso, partidários, politizados e instrumentalizados.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Revolta

Quem brinca com o povo queima-se



Às vésperas da Revolução Francesa,
O povo, lacerado pelas baionetas da fome, reclama.
O povo tem fome e não tem pão
– Por isso reclama.
Abunda a fome, rareia o pão
– Por isso o povo reclama.
 “Sua Alteza, o povo não tem pão”.
Maria Antonieta, rainha de França,
De bandulho saciado,
E sentada a dedilhar a sua harpa, profere:
“Se não tem pão, que coma bolos”.

Passados mais de duzentos anos, em Portugal,
Às vésperas de não se sabe ainda do quê,
O povo começa a ter fome, a não ter pão
– Por isso reclama.
Começa a abundar a fome, a rarear o pão
– Por isso o povo reclama.
Pedro Passos Coelho,
Primeiro-ministro do país,
De bandulho saciado,
E na confortável poltrona da governança escarrapachado,
Profere absolutamente a mesma sentença
Da famigerada monarca absolutista,
Conquanto eufemisticamente.


Maria Antonieta
Acabou sendo decapitada na guilhotina.



                                                                                                  dinismoura

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Escarninhas Constatações

Escarninhas Constatações X

 

Este governo está por um fio, não tenho a menor dúvida. Todavia, da extremidade de onde observo a frouxa e desbaratada azáfama do nosso executivo, não me é possível divisar se a fibra é de aço ou seda. Por conseguinte, torna-se imperativo e lógico perguntar: será que essa aniblesca, escavacada, silveiral, aberratória, inábil, abjecta, repugnante e inútil criatura a quem chamam Presidente da República terá a coragem, a determinação e a habilidade suficientes para proceder à derradeira tesourada?
Entretanto, o povo português, numa mescla eivada de resignação, esperança e apreensão, aguarda na plateia do teatro da crise o cair do pano deste escabroso, insuportável, deplorável, interminável e revoltante drama, no qual, confusamente, somos actores e espectadores suportando aflitivos as dores reais da realidade. No meio de tudo isto, confesso, só lamento profundamente o colectivo pendor do povo português para tudo o que tem que ver com paciência. Somos, no que concerne a essa virtude, magistralmente superiores a todos os povos do globo. Suportamos com a mais pacífica e complacente quietação o contínuo flagelo daqueles que na quotidiana correnteza dos dias nos mantêm constantemente vergados pela chibata das políticas desastrosas. Se assim não fosse, há já muito que esta corja de malfeitores estaria com gravata de sisal em volta do pescoço a servir de pasto aos vermes.
Entretanto, enquanto o escavacado paspalho não se decide a solucionar o impasse, afiemos, para o que der e vier, as nossas tesouras.


Drageias para depressões sazonais



Escaparate de Loriga


Esta madrugada, lá para as bandas do Chão do Soito, sito na vila de Loriga, por entre uma densa e conspiradora neblina, uma esfaimada e ardilosa raposa tomou rompantemente de assalto uma segura e sólida capoeira. O canídeo, logo que se viu rodeado de tão apetecíveis iguarias, atirou-se de imediato ao lauto banquete, e, sem dó nem piedade, tragou de enfiada quatro galinhas. No meio de todo o alarido, confusão e pânico que se instalaram dentro da casinhola dos galináceos, há a registar a morte do galo por enfarte do miocárdio e o pisoteamento de uma dezena de pintainhos. Toda a restante galinhada foi depois com rigor profissional estraçalhada pela raposa, já consoladamente saciada. Perante este cenário horripilante, muitos dos ovos, que entre o emaranhado das palhinhas e num silêncio tumular presenciaram o sanguinário acto da raposa, ficaram tal e qual como já estavam nos momentos que antecederam a funesta invasão desta, ou seja, ficaram chocados.