terça-feira, 19 de novembro de 2013

ah meu país desgraçado
despedaçado
escorraçado
amordaçado
e amortiçado
– inventa um novo fado

de preferência um 
mais afortunado

dinismoura

Pimba



O governo a complicar-nos a vida
A vida a esburacar-nos o corpo 
E nós pimba, e nós pimba.
A crise a desarrumar-nos a esperança
A esperança a desmoronar-nos os sonhos
E nós pimba, e nós pimba.

Os vizinhos a cortarem-nos na casaca
A casaca a minguar-nos por causa da traça
E nós pimba, e nós pimba.

| Da Teoria da Relatividade de Einstein |



A crise portuguesa é um facto relativo.

Constatação

Portugal é um país que não tem tomates.

Antes estivesse a referir-me a esses frutos essenciais à elaboração do esparguete à bolonhesa.

Dilema

Deus, a Imaculada Conceição e uma dúzia de santos estão a ponderar fazer uma vaquinha para ajudar Portugal no pagamento do empréstimo da troika. Dilema da minha alegria, não sei se hei-de abrir uma garrafa de champanhe ou rezar um terço.

No serviço obstetrícia

E depois vem o Fernando Pessoa com aquela mística de Quarta-feira de Cinzas dizer a terreiro que a alma lusitana está grávida de divino. Balelas! A alma lusitana está grávida é de banalidade.

Definindo o indefinível

No tempo em que Portugal era um país, eu tinha orgulho de ser português. Neste momento, tenho asco de ser isto que não sei definir.

Soneto 18 ½


Deverei comparar-te a um grande filho-da-puta?
És por certo mais do que isso, muito mais.

(Início do soneto 18 ½, de William Shakespeare, poema cujo destinatário é o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho)

PPP

Macgyver acaba de assinar uma parceria com o Governo português.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

S.O.S

Alguém com conhecimentos em informática e magia poderia dar-me umas dicas de modo a conseguir restaurar o sistema de Portugal para uma data anterior, tipo época dos Descobrimentos?

Por falar em Portugal


Pensando bem, isto só lá vai com um suicídio colectivo em massa.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

E-mail a Álvaro de Campos



Estive ontem com
o Esteves sem metafísica:
encontrámo-nos casualmente 
à porta da Tabacaria. 
Anda turbado com as demandas
do país, confessou-me, pesaroso.
Além disso, pesa-lhe o estigma
da sua condição de desempregado.
Pouquíssimo mais disse, o nosso Esteves. 
Cabisbaixo, meteu depois o troco 
na algibeira das calças e, com
um ar penetrantemente apagado,
acendeu um cigarro.
Ultimamente tenho fumado
quarto maços de cigarro por dia,
disse-me, com uma voz tão magra
quão a sua cara, antes de partir. 

dinismoura

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ainda sobre o OE

A próxima medida do Governo, que entra em vigor já amanhã, embora para o efeito tenha sido necessário chegar a roupa ao pêlo ao Tribunal Constitucional, terá como finalidade a venda ao farrapeiro do que ainda resta de Portugal.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Tretas da treta

A proposta de Orçamento de Estado que o Governo apresentou é injusta, cega e inconstitucional. Pois é, pá. Mas e o que é isso comparado com o que se passa na Casa dos Segredos?

Nos aposentos presidenciais



Ó querido, enquanto jogavas às escondidas com os nossos netinhos, estive a ver na TVI um pouco do “A Tarde é Sua”. Olha, estavam para lá umas senhoras a dizerem que a proposta de Orçamento de Estado conduz ao empobrecimento, que diminui não sei o quê das Famílias, e que não desenvolve o país. Ai, credo, esta gente é tão trágica! Até dá nervos ouvi-las! Desliguei logo o raio da televisão!

País de merda





Portugal está numa situação de merda. É um facto incontestável. E sabê-lo, presenciá-lo, ouvi-lo e senti-lo é incontestavelmente uma grande merda.
Neste país de merda, os nossos governantes, todos eles uns merdas, só fazem merda. São portanto governantes de merda. De merda são também as suas políticas, ideias, atitudes e as merdices que engendram diariamente. Neste país de merda, os políticos ganharam hábitos de merda, sendo um deles mandar ininterruptamente os portugueses à merda. Nós, há muito numa situação de merda, obedecemos a todos estes merdas, às suas merdas e merdices, e, sem olhar para trás, seguimos em frente, vamos à merda, quando, deixando-nos de uma vez por todas de merdas, devíamos ser nós a mandá-los a todos eles à merda. Coragem de merda, a nossa. Isto é uma merda. 
Neste país de merda, os portugueses, merdícolas que têm uma vida de merda, um trabalho de merda e um ordenado de merda, que têm pensões de merda e subsídios de merda, há muito estão fartos de tanta merda. A culpada é da crise, dizem os nossos políticos de merda. A crise é uma merda, uma merda que origina muitas outras merdas: desemprego, pobreza, miséria, desigualdade, violência. O desemprego é uma merda, a pobreza é uma merda, a miséria é uma merda, a desigualdade é uma merda, a violência é uma merda. A vida neste país de merda, em resultado de tanta merda, há muito ganhou o estatuto de merda. Isto tudo é realmente uma merda – uma autêntica merda.
Neste país de merda, nunca como agora se viu suceder tanta merda: é merda atrás de merda, acaba uma merda logo vem outra, avaria uma merda logo é substituída por outra. Neste país de merda, faltam muitas coisas, mas merdas não faltam. Isto é verdadeiramente uma grande merda, de uma merdice que deixa qualquer um na merda. Que grande merda, toda esta merda. Merda! Merda!
Pergunto-me: neste país de merda, quantas mais merdas serão ainda necessárias ocorrerem para mandarmos definitivamente tudo isto à merda? 
Somos uns merdas. Isto, em muitos países, há muito já tinha dado merda. E da grossa.


(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OE

Depois de ter examinado as principais medidas do OE (Orçamento do Enterro) aprovado pelo governo português, papa Francisco recusa fazer funeral a Portugal.  

terça-feira, 15 de outubro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Facetas da nossa religiosidade

Os nossos governantes são, presumo eu, que nunca me engano e raramente tenho dúvidas, os políticos mais católicos do mundo. Vão todos os santos domingos à missinha e, além disso, quando se trata de obras, levam sempre um terço, por vezes até dois.

Do marketing na literatura



Estive a pensar no lançamento do novo livro de Válter Hugo Mãe e na extraordinária máquina de marketing que trabalha avidamente nos bastidores da promoção do mesmo. Accionados por esta, são imensos os cordelinhos que conseguem menear admiravelmente milhares de neurónios de milhares de cérebros, uma grande parte dos quais vai por conseguinte e decerto rumar em direcção às livrarias. Ao que parece a máquina revela-se eficaz, produtiva, fiável, a coisa funciona às mil maravilhas. Como escritor desprovido de tais máquinas, invejo quem as tem, invejo sobretudo o Válter. Ao mesmo tempo a minha inveja confessa-me que não se importava nada, mesmo nada, de ter meia dúzia de parafusos da sua máquina, duas ou três das suas roscas, uma roldana, ou até meia correia. A inveja é desumana, a desigualdade é desumana, a emulação é desumana, o marketing é desumano. Entretanto eu vou adquirir também o livro, uma atitude que, aventadas estas ilações, considero deveras desumana. No meio de tanta desumanização, valha-me ao menos a escrita do Válter, uma bênção que logra humanizar toda esta desumanização.

Tácticas



O seleccionador nacional Passos Coelho acaba de divulgar a lista de convocados para o Torneio Escaqueirar Portugal. O técnico português desta vez decidiu deixar de fora Vítor Gaspar e Miguel Relvas, uma opção táctica que, segundo o próprio," não vai causar qualquer surpresa no adversário, no entanto vai certamente injectar confiança no balneário, e isso neste momento é o mais importante”, disse confiante. “Estamos plenamente convictos de que mais uma vez vamos trazer para casa este prestigioso e prestigiante troféu”, concluiu.

Carta à revista Maria



Amiga Maria, tenho 55 anos e sempre gozei de perfeita saúde. Saio ao meu pai, que sempre foi rijo como um pêro e já vai nos 98. Sou uma pessoa que desde os meus catorze anos gosta de beber uma boa pinga. Adoro cerveja e vinhaça, mas a minha perdição é a aguardente. Acontece que há uns meses atrás comecei a sentir umas cacetadas no fígado. Deve ser por causa da chocolatada, pensei. É verdade que desde há tempos tenho abusado um bocado na pinga, mas eu atirei logo para o chocolate, que até gosto de comer de vez em quando, mas a minha mulher não parava de insistir no álcool. Olhe, tanto insistiu, tanto insistiu, que acabou por convencer-me, e lá fui fazer umas análises. Fui ao médico na semana passada: a coisa acusou mesmo álcool a mais. O homem proibiu-me de beber. Fiquei doente, eu que já não adoecia desde que andei na tropa. 
Entretanto, e é por isso que estou a escrever-lhe, surgiu-me uma ideia. Ela aqui vai. E se eu fizer um transplante de fígado, hein? Será que poderei continuar a beber até aos 100? Melhor ainda será, também me lembrou desta, continuar com este fígado e colocar um novo no lugar dos rins. Com dois fígados acho que posso continuar a beber até aos 120. O que acha? Preciso urgentemente de uma resposta. Faça lá o jeito o mais rápido possível, pois, por andar a beber tanta água nestes últimos dias, estou a ficar com as articulações enferrujadas. Desta maneira, já disse à minha mulher, nem ao médico conseguirei ir. Ajude-me, peço-lhe, amiga Maria.

Jesualdo Jesus
Vila Nova de Carrazeda de Cónegos

De um filme em cena

Se eu falhar a minha missão, é o país inteiro que falha.” - John Rambo

"Paul Doors giving music to the portuguese people" - Thomas Gainsborough, 2013, Oil painting


De um louco

Isto de convivermos num pequeno rectângulo com dez milhões de loucos é enlouquecedor

Ajuda celestial

Deus, a Imaculada Conceição e uma dúzia de santos estão a ponderar fazer uma vaquinha para ajudar Portugal no pagamento do empréstimo da troika. Dilema da minha alegria, não sei se hei-de abrir uma garrafa de champanhe ou rezar um terço.

sábado, 12 de outubro de 2013

Isto de ser português



(Somos tanto, e tão intensamente,
que quase não somos ninguém)


Isto de nascermos num país constantemente às cambalhotas e em vertiginosos rodopios é atordoante. Isto de crescermos num país onde nos exigem mil e uma licenças para podermos viver com a mínima dignidade é indigno. Isto de envelhecermos num país onde nos tiram a bengala e no-la trocam por uma palha é tirânico. Isto de aturarmos  governos que diariamente abrem em cada avenida, rua, praça e esquina uma filial do Inferno é infernal. Isto de aturarmos governos que nos demitem dos nossos sonhos é um pesadelo. Isto de suportarmos um presente pesando toneladas de desespero é insuportável. Isto de nos vedarem permanentemente todos os caminhos em direcção ao futuro é desumano. Isto de vivermos num país onde nos foi penhorada a alegria é muitíssimo triste.
Isto de ser português não é para qualquer um: é necessário ser-se corajoso, forte, indolente, ter-se arcabouço, é necessário ser-se feito da mesma carne de que são feitos os mártires.
Isto de ser português é para poucos, muito poucos: é necessário ter-se amor à camisola, conhecer todos os cantos à dor.
Isto de ser português é não é nada fácil: é necessário ter-se em dia todos os tipos de vacinas, é necessário ter-se pernas e pulmões que aguentem diariamente maratonas  que ultrapassam em muito os quarenta e um quilómetros de suor e lágrimas.  
Isto de ser português é passar em todas as horas as passas do Algarve, é comer às refeições o diabólico pão que o diabo amassou e beber o vinho cujas uvas o irmão dele pisou, é viver com duas cordas ao pescoço, é quebrar ininterruptamente o lápis de quem insistentemente quer riscar-nos do mapa, é viver desarmado até aos dentes, é estar irremediavelmente feito ao bife.
Isto de ser português é tão custoso, é tão aflitivo, santo Deus!
Dentre os mais de seis biliões de seres humanos que por aqui andam, somente 0,14% destes tem envergadura para carregar este pesadíssimo fardo que é isto de ser português.  
Isto de ser português é árduo, extenuante, degenerativo, é não poder fugir.
Isto de ser português é duro, complicado, tenebroso, atroz, é anátema e calvário.
Isto de ser português é nefasto, doloroso e medonho, mas sobretudo é aterrador, perigoso, horrendo, é angústia e prisão.
Isto de ser português não é pêra doce, é um fruto amarguíssimo e duríssimo de roer.
Isto de ser português é cumprir uma pena perpétua de existência forçada.
Isto de ser português é morrer todos os dias por sê-lo e fatalmente todos os dias reencarnar no próprio corpo.
Isto de ser português é querer ser só e somente português e nada mais além disso.
Isto de ser português é o cabo das tormentas, é ter de aguentar o paroxismo de todas estas e outras dores.
Isto de ser português é ter esta sentença a arder para toda a vida dentro do sangue.
Isto de ser português é levar, todos os dias, durante toda uma vivência, uma escaqueirante porrada com tudo isto.
Isto de ser português… Isto de ser português é não ter outra escolha senão esta.



dinismoura

(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

As injustiças do Comité do Nobel

Este ano pensei que o Nobel da Literatura ia mesmo para o José Rodrigues dos Santos. Azar do caraças! Foi por um triz... O Lobo Antunes ligou-me há pouco e disse-me que teve toda a manhã a fazer figas pelo Zé. Até ele, pá! Foi mais um valente Munro que a literatura portuguesa levou no estômago. Mas nós somos rijos, temos estômago para suportar tais e tamanhas decepções. O galardão foi para uma tal Alice não sei quê que mora num país maravilhoso. Para o ano há mais. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Génesis Apócrifo (excerto)


“Mas que pouca vergonha vem a ser esta!? Parem lá com isso imediatamente! O Éden não é nenhum antro de devassidão, seus malcriados. Um dia destes chateio-me a sério e ponho-os aos dois no olho da rua".


É por este motivo, e por muitos outros que o Génesis da Vulgata preferiu omitir, que Deus é considerado o primeiro empata da história. 

Coisas do arco do Nobel

Batman foi nomeado para o Nobel da Paz 2013. Ah, e parece que o Putin também. À academia sueca de quando em quando dá-lhe para estas coisas. Que ganhe o mais pacificador. 

Por falar em electricidade

Apanhamos com cada choque neste país. Há uns anitos, com o governo de Sócrates, apanhámos um choque tecnológico, hoje, o nosso primeiro-ministro, um dos principais electricistas da crise, descarregou  numa conferência de imprensa que  que as novas medidas previstas no Orçamento do Estado para 2014 podem  gerar um  choque de expectativas. Um dia destes morremos todos electrocutados. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Cartazes

A troika é quem mais ordena
Dentro de ti, ó Portugal



A crise, unida, jamais será vencida.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Manifesto Anti-Troika


(É necessário ter muito cuidado com a troika: a besta anda à solta! )

Que fique bem claro: Portugal e os portugueses odeiam a troika! Odeiam-na!  Detestam-na! Execram-na! Abominam-na! Sentem asco, nojo, repulsa, aversão! A troika fede! A troika dá vómitos! Que fique bem claro: a troika é e será sempre mal-vinda a Portugal!
Fora com a troika!EFora!
A troika quer transformar Portugal no primeiro buraco negro do nosso sistema solar!
A troika quer transformar Portugal num kamikaze económico e social!
A troika que transformar Portugal num anómalo robot!
A troika quer transformar Portugal num “bom aluno” acéfalo e obediente!
A troika quer transformar Portugal numa sucursal da miséria!
E a  déspota faz tudo isto a sangue-friíssimo! Idiossincrasias de uma ditadora!
Para a troika, essa chacinadora, Portugal não tem dez milhões de habitantes, dois milhões dos quais são pobres: para a vigarista, Portugal  tem défice orçamental, tem dívida pública!
A troika é um monte de estrume, um antro de jagunços, um monturo de neoliberais malvados, uma porcalhada de consultores gananciosos, um esgoto de ladrões, uma açorda de analistas autocratas, uma fossa de usurários, um bordel de esmifradores, uma sucata de alcoviteiros, uma tribo de depenadores, um comité de economistas azémolas, uma comissão de canalhocratas, um coro de excrementos!
Fora com a troika!EFora!
A troika é feia como a Merkel!
A troika é feíssima como a Merkel!
A troika veste-se escandalosamente mal como a Merkel!
A troika não percebe patavina de matemática, de economia, de finanças ou do que quer que seja!
A troika não sabe avaliar, nem analisar, nem negociar, todavia é precisamente isto que vem fazer a Portugal! Vem desfazer-nos!
Fora com a troika! EFora! Fora!

A troika é uma puta!
A troika é uma grande puta! Uma grandessíssima puta, para sermos mais exactos. A exactidão neste caso particular não é despicienda: contribui para uma compreensão mais elucidativa dos desígnios meretrícios desta messalina!
A troika é uma filha da puta!
A troika é uma colossal filha da puta!
A troika é uma proxeneta!
A troika é uma ladra, uma usurpadora!
A troika soma austeridade a mais austeridade e multiplica tudo por austeridade!
A troika copula com o FMI, fornica com o BCE e pina com a Comissão Europeia!
A troika é uma putarrona!

Quem pensa que ela é, a rapinante, para vir aqui aumentar os impostos de quem trabalha, investe e consome?!
Quem pensa que ela é, a extortora, para vir aqui falir empresas e despedir milhares de trabalhadores?!
Quem pensa que ela é, a prepotente, para vir aqui extinguir os serviços públicos de saúde, educação e segurança social?!
Quem pensa que ela é, a carnífice, para vir aqui tratar desapiedadamente os desempregados, os idosos e os doentes?!
Quem pensa que ela é, a tirana, para vir aqui condenar os jovens à precariedade e à emigração?!
Fora com a troika! EFora! Fora! Fora!

A troika é uma cornuda!
A troika tem os cornos do tamanho do PIB alemão!
A troika não regula bem dos cornos!
A troika merece os cornos partidos!
A troika adora a subserviência e o servilismo demonstrados pelas autoridades portuguesas!
A troika adora vir comer e petiscar a Portugal!
A troika come com as mãos!
A lambona lambuza-se toda a comer!
A troika adora o vinho português!
A troika apanha valentes bebedeiras com vinho do Porto e depois desanca no povo português até se fartar!
A troika é uma beberrona!
A troika tem mau vinho!
A troika é bruta, é violenta!
A troika, mesmo nas suas bebedeiras menos alcoolizadas, dá valentes tareias no povo português!
E os nossos governantes recebem-na de braços abertos!
E os nossos governantes cumprimentam-na!
E os nossos governantes inclinam-se em reverentes vénias!
E os nossos governantes perguntam-lhe “como vai”, “como tem passado”!
E os nossos governantes dão-lhe conversa, atenção, crédito e credibilidade!
E os nossos governantes acatam as suas opiniões, conselhos, avaliações, pedidos, receituários, exigências e imposições!
E os nossos governantes, obedientes, cordatos, solícitos, aceitam de bom grado todas as suas paranóias!
E os nossos governantes, quando a troika regressa ao quartel general, despedem-se dela, estendem-lhe as manápulas  e desejam-lhe “boa viagem”, à coia, à patife!
E a troika, sempre sorridente, a gananciosa, agradece as palavras e declama um sorridente “até à próxima”!  
A larápia sabe que vai voltar, a coia, a patife, a velhaca!
E os nossos governantes  enviam-lhe postais de aniversário e de boas-festas!
A troika retribui à sua maneira, enviando bilhetezinhos decorados com tiradas do género “estão no bom caminho, queridos”!
E os nossos governantes ficam contentíssimos, combinam jantaradas e descarregam discursos de pura demagogia de autoclismo!
Depois a troika volta, volta revigorada, instala-se e faz novamente das suas!
Fora com a troika! Fora! Fora! E que não volte mais! E Fora!

Portugueses, peçam à troika que enfie os memorandos no orifício que tem entre os glúteos! Onde entra facilmente a torre do BCE mais facilmente entra uma resma de papel!
Portugueses, peçam à troika que vá entroikar a tia dela!
Peçam-lhe que vá ver se chove em Bruxelas!
Peçam-lhe que vá dar banho à cadela Lagarde!
Peçam-lhe, por amor de deus, que se deixe de troikices de uma vez por todas!
Peçam-lhe que vá catar-se!
Portugueses, mandem a troika bugiar!
Mandem-na lixar!
Mandem-na apanhar gambuzinos americanos!
Mandem-na pastar caracóis alemães!
Mandem-na à vila dela!
Mandem-na à merda!
Mandem-na à merda e repitam-lhe que ela é e será sempre mal-vinda a Portugal!

A troika tem aversão ao grau normal do adjectivo pobre! As suas afinidades prendem-se inteiramente ao grau superlativo absoluto sintético daquele adjectivo: paupérrimo!
A troika quer transformar Portugal num país paupérrimo!
A troika quer transformar os portugueses num povo paupérrimo! Pobres de nós, entregues a esta rica salafrária!
A troika é prostituta a tempo inteiro e meretriz nas horas vagas!
A troika é antropófaga!
A troika é um banco alemão à paisana!
A troika é um banco  americano à paisana!
A troika quer esmifrar o povo português!
A troika quer falir o nosso país, as nossas vidas, os nossos destinos, os nossos sonhos e o nosso futuro!
A troika é uma máquina multifunções terrífica:  trucida, ceifa, debulha, abate, decapita, dizima, degola, electrocuta, estrangula, amputa, arruína, bombardeia, devasta, extirpa, fulmina, fuzila, demole , nulifica, corta, corta, corta e corta!
A troika é estóica!
A troika nunca devia ter nascido!
A troika é irresponsável e insuportável!
A troika urina nas cuecas!
A troika está possuída!
A troika é perita em paranóias!
A troika é paranóica!
A troika não presta!
A troika não acerta em nenhuma previsão!
A troika tem graves problemas de visão!
A troika tem problemas mentais!
A  troika é terrorista!
A troika é igual a ela própria elevada a cem!
A troika tem políticas estapafúrdicas, políticas que só agravam ainda mais os problemas de um país entregue a políticas gravosas!
A troika é incompetente! Confrangedoramente incompetente!
A troika é a responsável pelo maior ataque à democracia em Portugal desde 1974!
A troika não presta contas a ninguém senão às panças dos especuladores alemães e americanos!
A troika é um vírus quantofrénico que está a gangrenar todos os órgãos deste país!
A troika, ao invés de analisar exaustivamente as despesas e as receitas do estado português, devia analisar minuciosamente a sua consciência!
A troika está a deixar-nos exangues! Nos nossos corpos range uma palidez berrante!
A troika está a desmantelar as nossas perspectivas de vida social, cultural e económica!
A troika abusa de nós, oprime-nos, goza connosco, espezinha-nos, mutila-nos, escalpeliza-nos e quer  escorraçar-nos!
Fora com a troika! EFora! Fora!

Os memorandos de entendimento com a troika são uma treta: uma treta só comparável à própria troika!
Portugal não entende nem deseja entender tais memorandos!
Memorando de entendimento é o nome pomposo que a troika dá às suas certidões de óbito!
Portugal com a troika a comandar não é Portugal: é uma pena no cerne de um tufão!
Portugal não precisa das sangrias da troika! Já nos bastam as do governo!
Portugal não quer ouvir as histórias da carochinha que a gatuna tem para contar! Já nos bastam as do governo!
A antidemocracia da troika está a aniquilar a democracia em Portugal!
A troika é uma ditadora! Uma ditadora! Uma ditadora!
A troika quer humilhar-nos com a sua ditadura!
A troika está a narcotizar-nos!
A troika pretende induzir Portugal num estado comatoso!
Um país neste estado não reage, não se movimenta, não fala, não protesta, não opina, não pensa. É exactamente isto que a troika deseja!
A troika está a condenar-nos a uma morte lenta!

E julga a maior parte dos portugueses que a troika é apenas isto!
Pois fiquem sabendo que esta pulha é tudo isto mais tudo aquilo que ela é!
Portugueses, pelas armas e os barões assinalados, expulsemos a troika!
Proclamemos bem alto que exigimos vê-la fora do nosso país! E o mais rápido possível!
Expulsemos a troika, porque o seu desiderato, entre muitos outros, é deixar Portugal pior, muito pior, do que o encontrou!
A troika, sob o alto patrocínio de banqueiros, chefes de Estado e da impunidade, está a promover em Portugal um holocausto!
A troika quer crucificar-nos! Quer acabar connosco!
Portugueses, gritemos pois todos: Fora com a troika! Fora com a troika! EFora! Fora!
E que a safada não volte jamais!

Fora com a troika! EFora! Fora! Fora!

in Confidências de um português indignadíssimo
dinismoura

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Futebolices


A propósito das comparações que têm sido feitas entre Eusébio e Cristiano Ronaldo

""Ninguém se pode comparar a Elvis Presley. Ele é o Rei." - Luís Figo

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O que vai acontecer a Portugal no futuro?


Neste preciso momento, no preâmbulo de mais um período que se anuncia difícil, todavia crucial e deveras decisivo do nosso lato percurso histórico enquanto estado-nação, de todas as questões que podemos colocar sobre Portugal, uma há que pela sua inquestionável importância deve preceder todas as demais, a saber: O que vai acontecer a Portugal no futuro?

Creio que só estaremos plenamente cônscios da nossa actual situação quando lograrmos responder a esta questão, tão determinante como as decisões políticas que serão tomadas neste entrementes. 
Portugal, tal como hoje o conhecemos, estado independente e pertencente à União Europeia, é assaz expectável que num futuro não muito distante veja perdida a sua independência. Daqui a 30, 50, 100 anos, o nosso país surgirá possivelmente numa Europa que não a de hoje, com uma configuração institucional e política no antípoda da actual. 

Caso os timoneiros desta fímbria de terra já velha de tantos séculos insistam e reinsistam em manter e fertilizar a política que vêm apoiado e apregoado, uma política manifestamente de enfraquecimento, o país fracassará; caso o povo, já de si enfraquecido, naturalmente em consequência das fracas medidas encetadas por essa súcia de governantes fracos, continuar vergado a uma conjuntura enfraquecedora, o país sufocará, e rapidamente sucumbirá. 

Ora, se tomarmos em consideração as teorias darwinistas sociais, sabemos desde já o inevitável desfecho da tragicomédia, visto que a inexorável selecção natural, dando o privilégio de sobrevivência aos mais adaptados ao mundo, opta por eliminar os fracos. Mais: ao atentarmos aos compêndios de história, constatamos que não será a primeira vez que tal acontecerá. A Ilha da Páscoa funciona como um supino exemplo paradigmal: o seu povo desapareceu devido ao modo como viviam e às decisões que tomaram.
 

Escaparate dos recônditos

O padre da minha terra, hoje à tarde, na cerimónia de casamento de um casal homossexual:
- Declaro-vos homem e.... e isso aí... Pode beijar o noivo... mas... mas só lá fora...

ANALGÉSICOS PARA A DOR DE COTOVELO

Sou um alucinado, um alucinado competente, um intransigente alucinado cumpridor das minhas alucinações. Sou um alucinado exemplar. Sou federado e tenho as quotas em dia. Sou um alucinado notável, um alucinado superior aos demais alucinados.
Destas e análogas alucinantes alucinações é feito o combustível e o tutano dos meus alucinamentos. Estarei a alucinar? Alucinados extremos não têm alucinações tais. 
Tenho febre: 45°C à sombra, à sombra da vossa ignorância, seus vermes.
Aos vermes dou o privilégio de usufruírem duplamente das solas dos meus sapatos. Àqueles que não alcanço, aos felizardos esquivados, desejo um óptimo Carnaval. 


 
Indignado Levado da Breca
in ANALGÉSICOS PARA A DOR DE COTOVELO, 2ª. edição 
Edições Assim-Assim


Puta que os pariu

        Um conhecido semanário português, que se diz reputado, despolitizado e imparcial, pediu-me há dias para escrever umas quantas frases sobre os nossos governantes. Chamemos-lhe artigo de opinião. Solícito, prontamente aceitei o pedido expresso, visto ser a primeira vez que um periódico deste calibre, desta casta, me incumbia de decorar com as minhas apreciações, profecias e desabafos as suas frequentadas  páginas. Um privilégio ao alcance de poucos, pensei para mim, gabarolas. Adiante.

Como sempre costumo fazer em casos tais, peguei num molho de folhas, num lápis bem afiado e lancei mãos à obra. Durante quatro horas rabisquei, rabisquei, amarrotei folhas, vi sucederem-se frases, longos parágrafos. Quando se trata da política nacional, o meu cérebro é prodigo em opiniões, todavia, quando se trata especificamente dos nossos governantes, essa prodigalidade transforma-se em excedente opinativo, tal é a incomensurável quantidade de palavreado que me ocorre. Esta a explicação por que ao fim de uma hora tinha já ante mim sete páginas.

 Decidi fazer uma pausa. Para lubrificar os neurónios, bebi um Porto, algo que  me afinou o alento. Em pouco tempo, de enfiada, mais cinco páginas. Adição feita, tinha portanto doze páginas. Uma boa dose, sem dúvida. O editor havia-me pedido  página e meia, e eu, distraidamente, estava a caminho de um livro. Era necessário estreitar as demasias da esticadela. Foi o que fiz.

 Comecei por eliminar os lugares-comuns. Eram bastantes. Seguiram-se os apelos e os conselhos aos nossos dirigentes – também muitos. Sete páginas ainda. As explicações da inexplicável politicada deste governo, as  inevitáveis comparações com a política de outras nações: também foram contempladas com várias linhas de grafite. Riscos, riscos. Riscos igualmente sobre as piadas em relação a alguns ministros, riscos sobre a criticaria a todos os governantes. Três páginas ainda.

Repentinamente uma  dúvida abalroa-me o decurso da labuta redaccional: como abordar em página e meia um bestiário tão imenso? Um grito com notas de madeira retumbou nos meus ouvidos. Na origem do estampido um valente murro que pousei na minha mesa de trabalho. Chiça! Não tenho a mínima aptidão para sínteses, sobretudo  quando se trata de parricidas, os assassinos da própria pátria, minha também. Aborrecido, rasguei duas páginas e apenas poupei a primeira que havia escrito. Li-a, reli-a. De súbito ocorreu-me que a cáfila em causa  não merecia uma dúzia de linhas. Irritado, risquei, risquei. Parti o bico do lápis. Durante alguns instantes dei-me por satisfeito. Tal satisfação, no entanto, foi de curtíssima duração. Escrever uma dúzia de linhas sobre o carrasco do nosso país é atribuir-lhe importância. Recusei-me, recusei-me a escrever um tão grande número de palavras sobre quem é tão pouco. Uma linha, uma linha basta. Irra!, mas numa linha não cabe a infinidade de besteiras perpetradas pelos nossos governantes, o futuro besta que nos espera.

Ignominiosos governantes, crápulas, que até a elaboração de um artigo prejudicais. Por razões obviíssimas e perfeitamente compreensíveis e justificáveis, um  exaltado impulso vindo do âmago da minha repulsa accionou na minha mioleira uma vigorosa veneta. Zás!  Rasurei também a derradeira frase. Assim dei por concluído o artigo. Das doze páginas iniciais conservei apenas o título: Puta que os pariu, um título que, embora seja avesso a sínteses, como referi, conterá certamente grande parte do conteúdo que eliminei.

Depois de converter para formato digital o atribulado artigo, imediatamente o fiz chegar por correio electrónico à redacção do jornal. A resposta, estranhamente, não surgiu. O jornal saiu, corri-o de uma ponta à outra – nada. O artigo não foi publicado.

Intrigado, desiludido, zangado, decidi pedir esclarecimentos ao editor. Passaram já duas semanas e até ao momento ainda não recebi resposta alguma.

Um jornal despolitizado? Imparcial? Ah! Puta que os pariu também.


dinismoura