domingo, 1 de dezembro de 2013
Presépio para 2013
Acabei agora mesmo de fazer o meu presépio. Este ano ficou bastante diferente dos anos anteriores, ficou mais monótono: só deu para colocar burros, bois e mulas. Efeitos da crise. Quanto ao Menino Jesus, nem queiram saber: mal o estendi nas palhinhas, desatou a fugir ao ver-se rodeado de tanta besta.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Pimba
O governo a complicar-nos a vida
A vida a esburacar-nos o corpo
E nós pimba, e nós pimba.
A crise a desarrumar-nos a esperança
A esperança a desmoronar-nos os sonhos
E nós pimba, e nós pimba.
Os vizinhos a cortarem-nos na casaca
A casaca a minguar-nos por causa da traça
E nós pimba, e nós pimba.
Constatação
Portugal é um país que não tem tomates.
Antes estivesse a referir-me a esses frutos essenciais à elaboração do esparguete à bolonhesa.
Antes estivesse a referir-me a esses frutos essenciais à elaboração do esparguete à bolonhesa.
Dilema
Deus, a Imaculada Conceição e uma dúzia de santos estão a ponderar fazer uma vaquinha para ajudar Portugal no pagamento do empréstimo da troika. Dilema da minha alegria, não sei se hei-de abrir uma garrafa de champanhe ou rezar um terço.
No serviço obstetrícia
E depois vem o Fernando Pessoa com aquela mística de Quarta-feira de Cinzas dizer a terreiro que a alma lusitana está grávida de divino. Balelas! A alma lusitana está grávida é de banalidade.
Definindo o indefinível
No tempo em que Portugal era um país, eu tinha orgulho de ser português. Neste momento, tenho asco de ser isto que não sei definir.
Soneto 18 ½
Deverei comparar-te a um grande filho-da-puta?
És por certo mais do que isso, muito mais.
(Início do soneto 18 ½, de William Shakespeare, poema cujo destinatário é o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho)
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
S.O.S
Alguém com conhecimentos em informática e magia poderia dar-me umas dicas de modo a conseguir restaurar o sistema de Portugal para uma data anterior, tipo época dos Descobrimentos?
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
E-mail a Álvaro de Campos
Estive ontem com
o Esteves sem metafísica:
encontrámo-nos casualmente
à porta da Tabacaria.
Anda turbado com as demandas
do país, confessou-me, pesaroso.
Além disso, pesa-lhe o estigma
da sua condição de desempregado.
Pouquíssimo mais disse, o nosso Esteves.
Cabisbaixo, meteu depois o troco
na algibeira das calças e, com
um ar penetrantemente apagado,
acendeu um cigarro.
Ultimamente tenho fumado
quarto maços de cigarro por dia,
disse-me, com uma voz tão magra
quão a sua cara, antes de partir.
dinismoura
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Ainda sobre o OE
A próxima medida do Governo, que entra em vigor já amanhã, embora para o efeito tenha sido necessário chegar a roupa ao pêlo ao Tribunal Constitucional, terá como finalidade a venda ao farrapeiro do que ainda resta de Portugal.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Tretas da treta
A proposta de Orçamento de Estado que o Governo apresentou é injusta, cega e inconstitucional. Pois é, pá. Mas e o que é isso comparado com o que se passa na Casa dos Segredos?
Nos aposentos presidenciais
Ó querido, enquanto jogavas às escondidas com os nossos netinhos, estive a ver na TVI um pouco do “A Tarde é Sua”. Olha, estavam para lá umas senhoras a dizerem que a proposta de Orçamento de Estado conduz ao empobrecimento, que diminui não sei o quê das Famílias, e que não desenvolve o país. Ai, credo, esta gente é tão trágica! Até dá nervos ouvi-las! Desliguei logo o raio da televisão!
País de merda
Portugal está numa situação de merda. É um facto incontestável. E sabê-lo, presenciá-lo, ouvi-lo e senti-lo é incontestavelmente uma grande merda.
Neste país de merda, os nossos governantes, todos eles uns merdas, só fazem merda. São portanto governantes de merda. De merda são também as suas políticas, ideias, atitudes e as merdices que engendram diariamente. Neste país de merda, os políticos ganharam hábitos de merda, sendo um deles mandar ininterruptamente os portugueses à merda. Nós, há muito numa situação de merda, obedecemos a todos estes merdas, às suas merdas e merdices, e, sem olhar para trás, seguimos em frente, vamos à merda, quando, deixando-nos de uma vez por todas de merdas, devíamos ser nós a mandá-los a todos eles à merda. Coragem de merda, a nossa. Isto é uma merda.
Neste país de merda, os portugueses, merdícolas que têm uma vida de merda, um trabalho de merda e um ordenado de merda, que têm pensões de merda e subsídios de merda, há muito estão fartos de tanta merda. A culpada é da crise, dizem os nossos políticos de merda. A crise é uma merda, uma merda que origina muitas outras merdas: desemprego, pobreza, miséria, desigualdade, violência. O desemprego é uma merda, a pobreza é uma merda, a miséria é uma merda, a desigualdade é uma merda, a violência é uma merda. A vida neste país de merda, em resultado de tanta merda, há muito ganhou o estatuto de merda. Isto tudo é realmente uma merda – uma autêntica merda.
Neste país de merda, nunca como agora se viu suceder tanta merda: é merda atrás de merda, acaba uma merda logo vem outra, avaria uma merda logo é substituída por outra. Neste país de merda, faltam muitas coisas, mas merdas não faltam. Isto é verdadeiramente uma grande merda, de uma merdice que deixa qualquer um na merda. Que grande merda, toda esta merda. Merda! Merda!
Pergunto-me: neste país de merda, quantas mais merdas serão ainda necessárias ocorrerem para mandarmos definitivamente tudo isto à merda?
Somos uns merdas. Isto, em muitos países, há muito já tinha dado merda. E da grossa.
(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)
(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Perscrutando o âmago do quotidiano
- Que trazeis na mala, mui nobre troika?
- São cortes, senhor, são cortes.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
OE
Depois de ter examinado as principais medidas do OE
(Orçamento do Enterro) aprovado pelo governo português, papa Francisco recusa
fazer funeral a Portugal.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Aos portugueses
Em Portugal, és contribuinte, inquilino, utente, eleitor, desempregado, espectador, paciente, vítima, és defunto, reformado, incapacitado, idoso, estudante, recém-nascido, mas jamais cidadão.
Aos nossos governantes
Era corrê-los todos a balázio de carabina, a rajada de metralhadora, a obus de bazuca.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Facetas da nossa religiosidade
Os nossos governantes são, presumo eu, que nunca me engano e raramente tenho dúvidas, os políticos mais católicos do mundo. Vão todos os santos domingos à missinha e, além disso, quando se trata de obras, levam sempre um terço, por vezes até dois.
Do marketing na literatura
Estive a pensar no lançamento do novo livro de Válter Hugo Mãe e na extraordinária máquina de marketing que trabalha avidamente nos bastidores da promoção do mesmo. Accionados por esta, são imensos os cordelinhos que conseguem menear admiravelmente milhares de neurónios de milhares de cérebros, uma grande parte dos quais vai por conseguinte e decerto rumar em direcção às livrarias. Ao que parece a máquina revela-se eficaz, produtiva, fiável, a coisa funciona às mil maravilhas. Como escritor desprovido de tais máquinas, invejo quem as tem, invejo sobretudo o Válter. Ao mesmo tempo a minha inveja confessa-me que não se importava nada, mesmo nada, de ter meia dúzia de parafusos da sua máquina, duas ou três das suas roscas, uma roldana, ou até meia correia. A inveja é desumana, a desigualdade é desumana, a emulação é desumana, o marketing é desumano. Entretanto eu vou adquirir também o livro, uma atitude que, aventadas estas ilações, considero deveras desumana. No meio de tanta desumanização, valha-me ao menos a escrita do Válter, uma bênção que logra humanizar toda esta desumanização.
Tácticas
O seleccionador nacional
Passos Coelho acaba de divulgar a lista de convocados para o Torneio
Escaqueirar Portugal. O técnico português desta vez decidiu deixar de fora
Vítor Gaspar e Miguel Relvas, uma opção táctica que, segundo o próprio," não vai causar qualquer surpresa no adversário,
no entanto vai certamente injectar confiança no balneário, e isso neste momento
é o mais importante”, disse confiante. “Estamos plenamente convictos de que
mais uma vez vamos trazer para casa este prestigioso e prestigiante troféu”,
concluiu.
Carta à revista Maria
Amiga Maria, tenho 55 anos e sempre gozei de perfeita saúde. Saio ao meu pai, que sempre foi rijo como um pêro e já vai nos 98. Sou uma pessoa que desde os meus catorze anos gosta de beber uma boa pinga. Adoro cerveja e vinhaça, mas a minha perdição é a aguardente. Acontece que há uns meses atrás comecei a sentir umas cacetadas no fígado. Deve ser por causa da chocolatada, pensei. É verdade que desde há tempos tenho abusado um bocado na pinga, mas eu atirei logo para o chocolate, que até gosto de comer de vez em quando, mas a minha mulher não parava de insistir no álcool. Olhe, tanto insistiu, tanto insistiu, que acabou por convencer-me, e lá fui fazer umas análises. Fui ao médico na semana passada: a coisa acusou mesmo álcool a mais. O homem proibiu-me de beber. Fiquei doente, eu que já não adoecia desde que andei na tropa.
Entretanto, e é por isso que estou a escrever-lhe, surgiu-me uma ideia. Ela aqui vai. E se eu fizer um transplante de fígado, hein? Será que poderei continuar a beber até aos 100? Melhor ainda será, também me lembrou desta, continuar com este fígado e colocar um novo no lugar dos rins. Com dois fígados acho que posso continuar a beber até aos 120. O que acha? Preciso urgentemente de uma resposta. Faça lá o jeito o mais rápido possível, pois, por andar a beber tanta água nestes últimos dias, estou a ficar com as articulações enferrujadas. Desta maneira, já disse à minha mulher, nem ao médico conseguirei ir. Ajude-me, peço-lhe, amiga Maria.
Jesualdo Jesus
Vila Nova de Carrazeda de Cónegos
Ajuda celestial
Deus, a Imaculada Conceição e uma dúzia de santos estão a ponderar fazer uma vaquinha para ajudar Portugal no pagamento do empréstimo da troika. Dilema da minha alegria, não sei se hei-de abrir uma garrafa de champanhe ou rezar um terço.
sábado, 12 de outubro de 2013
Isto de ser português
(Somos tanto,
e tão intensamente,
que quase
não somos ninguém)
Isto
de nascermos num país constantemente às cambalhotas e em vertiginosos rodopios é
atordoante. Isto de crescermos num país onde nos exigem mil e uma licenças para
podermos viver com a mínima dignidade é indigno. Isto de envelhecermos num país
onde nos tiram a bengala e no-la trocam por uma palha é tirânico. Isto de
aturarmos governos que diariamente abrem
em cada avenida, rua, praça e esquina uma filial do Inferno é infernal. Isto de
aturarmos governos que nos demitem dos nossos sonhos é um pesadelo. Isto de suportarmos
um presente pesando toneladas de desespero é insuportável. Isto de nos vedarem permanentemente
todos os caminhos em direcção ao futuro é desumano. Isto de vivermos num país
onde nos foi penhorada a alegria é muitíssimo triste.
Isto
de ser português não é para qualquer um: é necessário ser-se corajoso, forte, indolente,
ter-se arcabouço, é necessário ser-se feito da mesma carne de que são feitos os
mártires.
Isto
de ser português é para poucos, muito poucos: é necessário ter-se amor à
camisola, conhecer todos os cantos à dor.
Isto
de ser português é não é nada fácil: é necessário ter-se em dia todos os tipos
de vacinas, é necessário ter-se pernas e pulmões que aguentem diariamente
maratonas que ultrapassam em muito os
quarenta e um quilómetros de suor e lágrimas.
Isto
de ser português é passar em todas as horas as passas do Algarve, é comer às refeições
o diabólico pão que o diabo amassou e beber o vinho cujas uvas o irmão dele
pisou, é viver com duas cordas ao pescoço, é quebrar ininterruptamente o lápis
de quem insistentemente quer riscar-nos do mapa, é viver desarmado até aos
dentes, é estar irremediavelmente feito ao bife.
Isto
de ser português é tão custoso, é tão aflitivo, santo Deus!
Dentre
os mais de seis biliões de seres humanos que por aqui andam, somente 0,14%
destes tem envergadura para carregar este pesadíssimo fardo que é isto de ser
português.
Isto
de ser português é árduo, extenuante, degenerativo, é não poder fugir.
Isto
de ser português é duro, complicado, tenebroso, atroz, é anátema e calvário.
Isto
de ser português é nefasto, doloroso e medonho, mas sobretudo é aterrador, perigoso,
horrendo, é angústia e prisão.
Isto
de ser português não é pêra doce, é um fruto amarguíssimo e duríssimo de roer.
Isto
de ser português é cumprir uma pena perpétua de existência forçada.
Isto
de ser português é morrer todos os dias por sê-lo e fatalmente todos os dias
reencarnar no próprio corpo.
Isto
de ser português é querer ser só e somente português e nada mais além disso.
Isto
de ser português é o cabo das tormentas, é ter de aguentar o paroxismo de todas
estas e outras dores.
Isto
de ser português é ter esta sentença a arder para toda a vida dentro do sangue.
Isto
de ser português é levar, todos os dias, durante toda uma vivência, uma
escaqueirante porrada com tudo isto.
Isto
de ser português… Isto de ser português é não ter outra escolha senão esta.
dinismoura
(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)
(Publicado originalmente no no sítio bomdia.lu)
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
As injustiças do Comité do Nobel
Este ano pensei que o Nobel da Literatura ia mesmo para o José Rodrigues dos Santos. Azar do caraças! Foi por um triz... O Lobo Antunes ligou-me há pouco e disse-me que teve toda a manhã a fazer figas pelo Zé. Até ele, pá! Foi mais um valente Munro que a literatura portuguesa levou no estômago. Mas nós somos rijos, temos estômago para suportar tais e tamanhas decepções. O galardão foi para uma tal Alice não sei quê que mora num país maravilhoso. Para o ano há mais.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Génesis Apócrifo (excerto)
“Mas que pouca vergonha vem a ser esta!? Parem lá com isso imediatamente! O Éden não é nenhum antro de devassidão, seus malcriados. Um dia destes chateio-me a sério e ponho-os aos dois no olho da rua".
É por este motivo, e por muitos outros que o Génesis da Vulgata preferiu omitir, que Deus é considerado o primeiro empata da história.
Coisas do arco do Nobel
Batman foi nomeado para o Nobel da Paz 2013. Ah, e parece que o Putin também. À academia sueca de quando em quando dá-lhe para estas coisas. Que ganhe o mais pacificador.
Por falar em electricidade
Apanhamos com cada choque neste país. Há uns anitos, com o
governo de Sócrates, apanhámos um choque tecnológico, hoje, o nosso primeiro-ministro,
um dos principais electricistas da crise, descarregou numa conferência de imprensa que que as novas medidas previstas no Orçamento do Estado
para 2014 podem gerar um choque de expectativas. Um dia destes morremos
todos electrocutados.
domingo, 6 de outubro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Manifesto Anti-Troika
(É
necessário ter muito cuidado com a troika: a besta anda à solta! )
Que
fique bem claro: Portugal e os portugueses odeiam a troika! Odeiam-na! Detestam-na! Execram-na! Abominam-na! Sentem
asco, nojo, repulsa, aversão! A troika fede! A troika dá vómitos! Que fique bem
claro: a troika é e será sempre mal-vinda
a Portugal!
Fora
com a troika!EFora!
A
troika quer transformar Portugal no primeiro buraco negro do nosso sistema
solar!
A
troika quer transformar Portugal num kamikaze
económico e social!
A
troika que transformar Portugal num anómalo
robot!
A
troika quer transformar Portugal num “bom aluno” acéfalo e obediente!
A
troika quer transformar Portugal numa sucursal da miséria!
E
a déspota faz tudo isto a
sangue-friíssimo! Idiossincrasias de uma ditadora!
Para
a troika, essa chacinadora, Portugal não tem dez milhões de habitantes, dois
milhões dos quais são pobres: para a vigarista, Portugal tem défice orçamental, tem dívida pública!
A
troika é um monte de estrume, um antro de jagunços, um monturo de neoliberais
malvados, uma porcalhada de consultores gananciosos, um esgoto de ladrões, uma
açorda de analistas autocratas, uma fossa de usurários, um bordel de esmifradores,
uma sucata de alcoviteiros, uma tribo de depenadores, um comité de economistas azémolas,
uma comissão de canalhocratas, um coro de excrementos!
Fora
com a troika!EFora!
A
troika é feia como a Merkel!
A
troika é feíssima como a Merkel!
A
troika veste-se escandalosamente mal como a Merkel!
A troika não percebe patavina de matemática, de
economia, de finanças ou do que quer que
seja!
A
troika não sabe avaliar, nem analisar, nem negociar, todavia é precisamente
isto que vem fazer a Portugal! Vem desfazer-nos!
Fora
com a troika! EFora! Fora!
A
troika é uma puta!
A
troika é uma grande puta! Uma grandessíssima puta, para sermos mais exactos. A
exactidão neste caso particular não é despicienda: contribui para uma
compreensão mais elucidativa dos desígnios meretrícios desta messalina!
A
troika é uma filha da puta!
A
troika é uma colossal filha da puta!
A
troika é uma proxeneta!
A
troika é uma ladra, uma usurpadora!
A
troika soma austeridade a mais austeridade e multiplica tudo por austeridade!
A
troika copula com o FMI, fornica com o BCE e pina com a Comissão Europeia!
A
troika é uma putarrona!
Quem
pensa que ela é, a rapinante, para vir aqui aumentar os impostos de quem trabalha,
investe e consome?!
Quem
pensa que ela é, a extortora, para vir aqui falir empresas e despedir milhares
de trabalhadores?!
Quem
pensa que ela é, a prepotente, para vir aqui extinguir os serviços públicos de
saúde, educação e segurança social?!
Quem
pensa que ela é, a carnífice, para vir aqui tratar desapiedadamente os
desempregados, os idosos e os doentes?!
Quem
pensa que ela é, a tirana, para vir aqui condenar os jovens à precariedade e à
emigração?!
Fora
com a troika! EFora! Fora!
Fora!
A
troika é uma cornuda!
A
troika tem os cornos do tamanho do PIB
alemão!
A
troika não regula bem dos cornos!
A
troika merece os cornos partidos!
A
troika adora a subserviência e o servilismo demonstrados pelas autoridades
portuguesas!
A
troika adora vir comer e petiscar a Portugal!
A
troika come com as mãos!
A
lambona lambuza-se toda a comer!
A
troika adora o vinho português!
A
troika apanha valentes bebedeiras com vinho do Porto e depois desanca no povo
português até se fartar!
A
troika é uma beberrona!
A
troika tem mau vinho!
A
troika é bruta, é violenta!
A
troika, mesmo nas suas bebedeiras menos alcoolizadas, dá valentes tareias no
povo português!
E
os nossos governantes recebem-na de braços abertos!
E
os nossos governantes cumprimentam-na!
E
os nossos governantes inclinam-se em reverentes vénias!
E
os nossos governantes perguntam-lhe “como vai”, “como tem passado”!
E
os nossos governantes dão-lhe conversa, atenção, crédito e credibilidade!
E
os nossos governantes acatam as suas opiniões, conselhos, avaliações, pedidos,
receituários, exigências e imposições!
E
os nossos governantes, obedientes, cordatos, solícitos, aceitam de bom grado todas
as suas paranóias!
E
os nossos governantes, quando a troika regressa ao quartel general, despedem-se
dela, estendem-lhe as manápulas e
desejam-lhe “boa viagem”, à coia, à patife!
E
a troika, sempre sorridente, a gananciosa, agradece as palavras e declama um sorridente
“até à próxima”!
A
larápia sabe que vai voltar, a coia, a patife, a velhaca!
E
os nossos governantes enviam-lhe postais
de aniversário e de boas-festas!
A
troika retribui à sua maneira, enviando bilhetezinhos decorados com tiradas do
género “estão no bom caminho, queridos”!
E
os nossos governantes ficam contentíssimos, combinam jantaradas e descarregam
discursos de pura demagogia de autoclismo!
Depois
a troika volta, volta revigorada, instala-se e faz novamente das suas!
Fora
com a troika! Fora! Fora! E que não volte mais! E
Fora!
Portugueses,
peçam à troika que enfie os memorandos no orifício que tem entre os glúteos!
Onde entra facilmente a torre do BCE mais
facilmente entra uma resma de papel!
Portugueses,
peçam à troika que vá entroikar a tia
dela!
Peçam-lhe
que vá ver se chove em Bruxelas!
Peçam-lhe
que vá dar banho à cadela Lagarde!
Peçam-lhe,
por amor de deus, que se deixe de troikices
de uma vez por todas!
Peçam-lhe
que vá catar-se!
Portugueses,
mandem a troika bugiar!
Mandem-na
lixar!
Mandem-na
apanhar gambuzinos americanos!
Mandem-na
pastar caracóis alemães!
Mandem-na
à vila dela!
Mandem-na
à merda!
Mandem-na
à merda e repitam-lhe que ela é e será sempre mal-vinda a Portugal!
A troika tem aversão ao grau
normal do adjectivo pobre! As suas afinidades prendem-se inteiramente ao grau
superlativo absoluto sintético daquele adjectivo: paupérrimo!
A troika quer transformar
Portugal num país paupérrimo!
A troika quer transformar os
portugueses num povo paupérrimo! Pobres de nós, entregues a esta rica salafrária!
A
troika é prostituta a tempo inteiro e meretriz nas horas vagas!
A
troika é antropófaga!
A
troika é um banco alemão à paisana!
A
troika é um banco americano à paisana!
A
troika quer esmifrar o povo português!
A
troika quer falir o nosso país, as nossas vidas, os nossos destinos, os nossos
sonhos e o nosso futuro!
A
troika é uma máquina multifunções terrífica:
trucida, ceifa, debulha, abate, decapita, dizima, degola, electrocuta,
estrangula, amputa, arruína, bombardeia, devasta, extirpa, fulmina, fuzila,
demole , nulifica, corta, corta, corta e corta!
A
troika é estóica!
A
troika nunca devia ter nascido!
A
troika é irresponsável e insuportável!
A
troika urina nas cuecas!
A
troika está possuída!
A
troika é perita em paranóias!
A
troika é paranóica!
A
troika não presta!
A
troika não acerta em nenhuma previsão!
A
troika tem graves problemas de visão!
A
troika tem problemas mentais!
A troika é terrorista!
A
troika é igual a ela própria elevada a cem!
A
troika tem políticas estapafúrdicas, políticas que só agravam ainda mais os
problemas de um país entregue a políticas gravosas!
A
troika é incompetente! Confrangedoramente incompetente!
A
troika é a responsável pelo maior ataque à democracia em Portugal desde 1974!
A
troika não presta contas a ninguém senão às panças dos especuladores alemães e
americanos!
A
troika é um vírus quantofrénico que está a gangrenar todos os órgãos deste
país!
A
troika, ao invés de analisar exaustivamente as despesas e as receitas do estado
português, devia analisar minuciosamente a sua consciência!
A
troika está a deixar-nos exangues! Nos nossos corpos range uma palidez
berrante!
A
troika está a desmantelar as nossas perspectivas de vida social, cultural e
económica!
A
troika abusa de nós, oprime-nos, goza connosco, espezinha-nos, mutila-nos,
escalpeliza-nos e quer escorraçar-nos!
Fora
com a troika! EFora! Fora!
Os memorandos de entendimento com a troika
são uma treta: uma treta só comparável à própria troika!
Portugal não entende nem deseja entender tais
memorandos!
Memorando de entendimento é o
nome pomposo que a troika dá às suas certidões de óbito!
Portugal
com a troika a comandar não é Portugal: é uma pena no cerne de um tufão!
Portugal
não precisa das sangrias da troika! Já nos bastam as do governo!
Portugal
não quer ouvir as histórias da carochinha
que a gatuna tem para contar! Já nos bastam as do governo!
A
antidemocracia da troika está a aniquilar a democracia em Portugal!
A
troika é uma ditadora! Uma ditadora! Uma ditadora!
A
troika quer humilhar-nos com a sua ditadura!
A
troika está a narcotizar-nos!
A
troika pretende induzir Portugal num estado comatoso!
Um
país neste estado não reage, não se movimenta, não fala, não protesta, não
opina, não pensa. É exactamente isto que a troika deseja!
A
troika está a condenar-nos a uma morte lenta!
E
julga a maior parte dos portugueses que a troika é apenas isto!
Pois
fiquem sabendo que esta pulha é tudo isto mais tudo aquilo que ela é!
Portugueses,
pelas armas e os barões assinalados, expulsemos a troika!
Proclamemos
bem alto que exigimos vê-la fora do nosso país! E o mais rápido possível!
Expulsemos
a troika, porque o seu desiderato, entre muitos outros, é deixar Portugal pior,
muito pior, do que o encontrou!
A
troika, sob o alto patrocínio de banqueiros, chefes de Estado e da impunidade,
está a promover em Portugal um holocausto!
A
troika quer crucificar-nos! Quer acabar connosco!
Portugueses,
gritemos pois todos: Fora com a troika! Fora com a troika! EFora!
Fora!
E
que a safada não volte jamais!
Fora
com a troika! EFora! Fora!
Fora!
in Confidências de um português indignadíssimo
dinismoura
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Futebolices
A propósito das comparações que têm sido feitas entre Eusébio e Cristiano Ronaldo
""Ninguém se pode comparar a Elvis Presley. Ele é o Rei." - Luís Figo
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
O que vai acontecer a Portugal no futuro?
Neste preciso momento, no preâmbulo de mais um período que se anuncia difícil, todavia crucial e deveras decisivo do nosso lato percurso histórico enquanto estado-nação, de todas as questões que podemos colocar sobre Portugal, uma há que pela sua inquestionável importância deve preceder todas as demais, a saber: O que vai acontecer a Portugal no futuro?
Creio que só estaremos plenamente cônscios da nossa actual situação quando lograrmos responder a esta questão, tão determinante como as decisões políticas que serão tomadas neste entrementes.
Portugal, tal como hoje o conhecemos, estado independente e pertencente à União Europeia, é assaz expectável que num futuro não muito distante veja perdida a sua independência. Daqui a 30, 50, 100 anos, o nosso país surgirá possivelmente numa Europa que não a de hoje, com uma configuração institucional e política no antípoda da actual.
Caso os timoneiros desta fímbria de terra já velha de tantos séculos insistam e reinsistam em manter e fertilizar a política que vêm apoiado e apregoado, uma política manifestamente de enfraquecimento, o país fracassará; caso o povo, já de si enfraquecido, naturalmente em consequência das fracas medidas encetadas por essa súcia de governantes fracos, continuar vergado a uma conjuntura enfraquecedora, o país sufocará, e rapidamente sucumbirá.
Ora, se tomarmos em consideração as teorias darwinistas sociais, sabemos desde já o inevitável desfecho da tragicomédia, visto que a inexorável selecção natural, dando o privilégio de sobrevivência aos mais adaptados ao mundo, opta por eliminar os fracos. Mais: ao atentarmos aos compêndios de história, constatamos que não será a primeira vez que tal acontecerá. A Ilha da Páscoa funciona como um supino exemplo paradigmal: o seu povo desapareceu devido ao modo como viviam e às decisões que tomaram.
Escaparate dos recônditos
O padre da minha terra, hoje à tarde, na cerimónia de casamento de um casal homossexual:
- Declaro-vos homem e.... e isso aí... Pode beijar o noivo... mas... mas só lá fora...
- Declaro-vos homem e.... e isso aí... Pode beijar o noivo... mas... mas só lá fora...
ANALGÉSICOS PARA A DOR DE COTOVELO
Sou um alucinado, um alucinado competente, um intransigente alucinado cumpridor das minhas alucinações. Sou um alucinado exemplar. Sou federado e tenho as quotas em dia. Sou um alucinado notável, um alucinado superior aos demais alucinados.
Destas e análogas alucinantes alucinações é feito o combustível e o tutano dos meus alucinamentos. Estarei a alucinar? Alucinados extremos não têm alucinações tais.
Tenho febre: 45°C à sombra, à sombra da vossa ignorância, seus vermes.
Tenho febre: 45°C à sombra, à sombra da vossa ignorância, seus vermes.
Aos vermes dou o privilégio de usufruírem duplamente das solas dos meus sapatos. Àqueles que não alcanço, aos felizardos esquivados, desejo um óptimo Carnaval.
Indignado Levado da Breca
in ANALGÉSICOS PARA A DOR DE COTOVELO, 2ª. edição
Edições Assim-Assim
Puta que os pariu
Um
conhecido semanário português, que se diz reputado, despolitizado e imparcial,
pediu-me há dias para escrever umas quantas frases sobre os nossos governantes.
Chamemos-lhe artigo de opinião. Solícito, prontamente aceitei o pedido
expresso, visto ser a primeira vez que um periódico deste calibre, desta casta,
me incumbia de decorar com as minhas apreciações, profecias e desabafos as suas
frequentadas páginas. Um privilégio ao
alcance de poucos, pensei para mim, gabarolas. Adiante.
Como
sempre costumo fazer em casos tais, peguei num molho de folhas, num lápis bem
afiado e lancei mãos à obra. Durante quatro horas rabisquei, rabisquei,
amarrotei folhas, vi sucederem-se frases, longos parágrafos. Quando se trata da
política nacional, o meu cérebro é prodigo em opiniões, todavia, quando se
trata especificamente dos nossos governantes, essa prodigalidade transforma-se
em excedente opinativo, tal é a incomensurável quantidade de palavreado que me
ocorre. Esta a explicação por que ao fim de uma hora tinha já ante mim sete
páginas.
Decidi fazer uma pausa. Para lubrificar os
neurónios, bebi um Porto, algo que me
afinou o alento. Em pouco tempo, de enfiada, mais cinco páginas. Adição feita,
tinha portanto doze páginas. Uma boa dose, sem dúvida. O editor havia-me
pedido página e meia, e eu,
distraidamente, estava a caminho de um livro. Era necessário estreitar as
demasias da esticadela. Foi o que fiz.
Comecei por eliminar os lugares-comuns. Eram
bastantes. Seguiram-se os apelos e os conselhos aos nossos dirigentes – também
muitos. Sete páginas ainda. As explicações da inexplicável politicada deste
governo, as inevitáveis comparações com
a política de outras nações: também foram contempladas com várias linhas de
grafite. Riscos, riscos. Riscos igualmente sobre as piadas em relação a alguns
ministros, riscos sobre a criticaria a todos os governantes. Três páginas
ainda.
Repentinamente
uma dúvida abalroa-me o decurso da
labuta redaccional: como abordar em página e meia um bestiário tão imenso? Um
grito com notas de madeira retumbou nos meus ouvidos. Na origem do estampido um
valente murro que pousei na minha mesa de trabalho. Chiça! Não tenho a mínima
aptidão para sínteses, sobretudo quando
se trata de parricidas, os assassinos da própria pátria, minha também.
Aborrecido, rasguei duas páginas e apenas poupei a primeira que havia escrito.
Li-a, reli-a. De súbito ocorreu-me que a cáfila em causa não merecia uma dúzia de linhas. Irritado,
risquei, risquei. Parti o bico do lápis. Durante alguns instantes dei-me por
satisfeito. Tal satisfação, no entanto, foi de curtíssima duração. Escrever uma
dúzia de linhas sobre o carrasco do nosso país é atribuir-lhe importância. Recusei-me,
recusei-me a escrever um tão grande número de palavras sobre quem é tão pouco. Uma
linha, uma linha basta. Irra!, mas numa linha não cabe a infinidade de
besteiras perpetradas pelos nossos governantes, o futuro besta que nos espera.
Ignominiosos
governantes, crápulas, que até a elaboração de um artigo prejudicais. Por
razões obviíssimas e perfeitamente compreensíveis e justificáveis, um exaltado impulso vindo do âmago da minha
repulsa accionou na minha mioleira uma vigorosa veneta. Zás! Rasurei também a derradeira frase. Assim dei
por concluído o artigo. Das doze páginas iniciais conservei apenas o título: Puta que os pariu, um título que, embora
seja avesso a sínteses, como referi, conterá certamente grande parte do
conteúdo que eliminei.
Depois
de converter para formato digital o atribulado artigo, imediatamente o fiz
chegar por correio electrónico à redacção do jornal. A resposta, estranhamente,
não surgiu. O jornal saiu, corri-o de uma ponta à outra – nada. O artigo não
foi publicado.
Intrigado,
desiludido, zangado, decidi pedir esclarecimentos ao editor. Passaram já duas
semanas e até ao momento ainda não recebi resposta alguma.
Um
jornal despolitizado? Imparcial? Ah! Puta que os pariu também.
dinismoura
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