sexta-feira, 21 de junho de 2013

Relíquias da minha autocensura


QUERIDO DIÁRIO: Hoje estou num daqueles dias em que tenho uma vontade  incontrolável de mandar-te à merda, inclusive àqueles que irão ler isto. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Coisas e loisas aqui do burgo

Acabo de ler no wort.lu que o Islão é a segunda religião no Luxemburgo. Confesso que a novidade logrou convocar todo o meu espanto. Eu tinha para mim, isto empiricamente, como é óbvio (não tenho por hábito ler as mijadas dessa autora, essa tal estatística), que a segunda religião do Luxemburgo eram os carraços alemães, percentualmente precedida, coisa ligeira, pelo dinheiro, religião oficial do burgo. E eu que numa conversa há dias tinha dito a um amigo meu americano que os templos com maior número de fiéis neste país eram os stands da BMW… Cada vez mais estes 2 586 km²  me surpreendem. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mantra

 A religião cristã é que nem padre: só fala em Deus. 

8:30 – 9:00


Entre as oito e meia e as nove horas da manhã, seja nas movimentadas e esfumaçadas paragens na Place Hamilius, seja nas arejadas e arrojadas paragens na abside do Plateau de Kirchberg, nesses trinta minutos de copiosos desembarques, é que é vê-los a rumarem às oficinas onde se arranja a massa, às carpintarias onde se carpinteja o tostão, aos laboratórios onde se sintetiza o carcanhol, às lavouras onde se cultiva o cacau, às fundições onde se funde a guita, às escolas onde se ensina o money, às clínicas onde se trata a grana. É que é vê-los, esses macacos enfiados em fatos-homens, esses empregados de magistrais larápios, esses lavadeiros, hábeis lavadeiros, a rumarem aos lavadouros onde se lava o dinheiro sujo: dinheiro sujo de crimes limpos, dinheiro sujo de limpezas bem sucedidas.
Entre as oito e meia e as nove horas da manhã, depois de passarem por nós, esses condecorados com coloridas tiras de seda, esses colaboradores das potestades da finança, engolfam-se num outro mundo: um mundo apinhado de fabulosos parques de diversão onde se brinca constantemente com dinheiro. Há também casinos, soberbos casinos onde se apostam diariamente fortunas, que, depois de tratadas por manápulas detentoras de sortilégios de Rei Midas, são por conseguinte generosamente distribuídas por todos – todos os magistrais larápios, obviamente.
Entre as oito e meia e as nove horas da manhã, depois de passarem por nós, estes enfatiotados, pardacentemente enfatiotados, de mala na mão, sacola que contém as ferramentas da ganância e o farnel com que nutrem a usurpação, entram em minúsculas bolsas de valores, minúsculas apenas no tamanho, e investem o sofrimento, a dor, a infelicidade e a fome de milhares de mulheres, homens e crianças.
Entre as oito e meia e as nove horas da manhã, assiste-se no Luxemburgo ao inominável desfile destes seres grotescos e anatomicamente diferentes – em lugar de trazerem o coração no tórax, trazem-no na algibeira da fatiota.
 Neste país, onde proceder destarte é considerado sensato, útil, importante, e ademais demonstra competitividade, desenvolvimento e competência (ou não fosse o Luxemburgo um gabarolas que, quando lhe convém, adora emoldurar o chorudo número da estatística e exibi-lo na cena internacional – o seu PIB, essa valiosa tela, é um conspícuo exemplo), estes seres são tidos em alto apreço mesmo pela classe política, visto que sem eles não haveria quem lubrificasse as entrosas, quem substituísse os parafusos e as correias dos mecanismos que sustêm este paraíso, isto falando em termos fiscais, evidentemente. Tudo isto, à luz daquilo que não logramos compreender, é naturalmente compreensível. As fontes não são só úteis a quem procura saciar a sede.

Entre esses trinta minutos que separam as oito e meia das nove horas, assiste-se no Luxemburgo à breve transumância destas ovelhas negras, que de chocalhos silenciosos ao pescoço e orientadas por ausentes mas bem presentes pastores se dirigem para os respectivos estábulos. Nós, que amiúde passamos por elas, estas ovelhas negras, limitamo-nos a olhar para elas como quem não olha, não sabe ou não quer olhar. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Dieta da azeitona


Empolgado pela última novidade da dietética, decidi experimentar esse novo conceito que está a fazer furor um pouco por toda a parte. Falo da Dieta da Azeitona. Não vou entrar em pormenores sobre os métodos e resultados deste regime alimentar. Neste caso creio que uma ida ao Google será mais esclarecedora. No que diz respeito à minha pessoa, devo confessar que por norma não sou um grande aficionado destas manias, no entanto a minha curiosidade e silhueta conseguiram convencer-me. Os resultados não se fizeram esperar: em três semanas perdi a chave de casa, perdi três vezes o autocarro para o trabalho, perdi dois episódios da minha série preferida, perdi a vontade de fazer dieta, e, para finalizar, perdi a paciência com os caprichos da minha balança. Espatifei-a. Nos próximos dois anos as azeitonas estão interditas de frequentarem o meu sistema digestivo. Entretanto anteontem comecei a dieta do pastel de nata. Tenho-me consolado. 

domingo, 2 de junho de 2013

Fait divers

A crise portuguesa vai ser capa da "Playboy" no mês de Julho. A sessão fotográfica da menina dos nossos olhos decorrerá na Assembleia da República. Serão quinze páginas em que iremos vê-la totalmente descascadinha.