segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Do marketing na literatura



Estive a pensar no lançamento do novo livro de Válter Hugo Mãe e na extraordinária máquina de marketing que trabalha avidamente nos bastidores da promoção do mesmo. Accionados por esta, são imensos os cordelinhos que conseguem menear admiravelmente milhares de neurónios de milhares de cérebros, uma grande parte dos quais vai por conseguinte e decerto rumar em direcção às livrarias. Ao que parece a máquina revela-se eficaz, produtiva, fiável, a coisa funciona às mil maravilhas. Como escritor desprovido de tais máquinas, invejo quem as tem, invejo sobretudo o Válter. Ao mesmo tempo a minha inveja confessa-me que não se importava nada, mesmo nada, de ter meia dúzia de parafusos da sua máquina, duas ou três das suas roscas, uma roldana, ou até meia correia. A inveja é desumana, a desigualdade é desumana, a emulação é desumana, o marketing é desumano. Entretanto eu vou adquirir também o livro, uma atitude que, aventadas estas ilações, considero deveras desumana. No meio de tanta desumanização, valha-me ao menos a escrita do Válter, uma bênção que logra humanizar toda esta desumanização.

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