Escarninhas Constatações XI
Este governo
padece de um gravíssimo distúrbio político: não percebe patavina de governança.
Tal distúrbio tem a particularidade de afectar directamente a maior parte dos
portugueses, no entanto, e isto é claramente gravíssimo, e inclusive compreensivelmente
paradoxal, não tem afectado qualquer membro do corpo governativo. E o mais
doloroso, atormentador e agónico deste transtorno é que não existe neste mundo
nem nas suas proximidades um médico com aptidão bastante para curá-lo. Precisamos
decididamente de um milagre, de um milagre excepcional, um de magnitude muito superior
àqueles que encontramos na Bíblia, tão simplesmente. Mas tal façanha exige um
ente supina e divinamente dotado, um excelente conhecedor da nossa conjuntura e
em quem concorram aptidões e competências económicas, políticas, mas sobretudo transcendentais.
Ademais, exige-se disponibilidade total e imediata. Obviamente não estou a referir-me
a Nossas Senhoras ou Santos. Divindades tais não possuem a estaleca necessária para
materializar tamanha e exigente empresa. Dentre toda a corte celestial, talvez
só Deus será capaz de valer-nos.
Expulsemos de vez a Troika e, sursum corda, convoquemos Deus.
Expulsemos de vez a Troika e, sursum corda, convoquemos Deus.
Acresce, todavia,
que nestes últimos tempos, infelicidade desconcertante, de patente lusa,
saliente-se, Deus tem insistindo infantilmente em fazer ouvidos moucos a todos
os pedidos que emanam de nossas bocas. Ao que tudo indica só um grande milagre
poderá sanar-lhe esta incompreensível e rabugenta surdez. Pergunto: mas quem
será capaz de tal proeza? O esquecidiço Pai-Natal? A caiserista Merkl? O
impotente Menino-Jesus? O inseguro António Seguro? O mole Durão Barroso? Algo
me diz que estamos irremediavelmente condenados a esta intrincada e irresolúvel
via crúcis. Ámen.
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