Dois compadres
de longa data, dois entendidos e esmerados apreciadores da bebezaina, numa
pequena adega, lá para os lados de nenhures, em plena Beira Baixa, saboreando o
resultado final das veneráveis alquimias do mosto e da aguardente.
Um sonoro e tilintante
brinde dá início à liturgia da entorna.
- “Huuummm! Que fabulosa
jeropinga! Sim, senhor! Saiu-lhe mais sagrada que a Nossa Senhora! Pinga no estômago
como chocolate, compadre! Mas que fabulosa jeropinga, caneco! Nem sabe a
preciosidade que aqui tem na capela.”
Depois de minuciosamente
escorropichados copo e garrafa, um tanto emocionado pela graça concedida por Baco, outro tanto inspirado pelos
vapores do esplêndido néctar, rematou numa toada de ornatos oratórios:
- “C’um caneco! Esta
pinga é daquelas que põe a alma a assobiar e o esqueleto a dançar. Abra outra, compadre,
para comemorarmos: o precioso acontecimento bem o merece. Bote aí. “
dinismoura
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